Por: 15 de agosto de 2019 10Min de leitura
Parece uma pergunta retórica quando falamos de agilidade, mas é uma provocação contundente já que é bem comum ver times ágeis sem uma iteração efetiva, mesmo com profissionais UX no time. Visto que assim como o Agile, o UX também visa o aprendizado rápido, entregar valor contínuo, potencializar pessoas e colocar o cliente/usuário no centro das ações.
E o olhar do UX visa entender como oferecer uma experiência omnichannel, observando todos touch points, influenciadores e motivadores do cliente com os produtos ou serviços, gerando ideias para eliminar ruídos que possam afetar essa jornada de ponta a ponta.
Sabemos que este é um desafio comum em alguns níveis de maturidade ágil devido algumas cerimônias e processos que acabam muitas vezes sufocando ou até mesmo eliminando processos de UX básicos. A ideia deste texto é mostrar que existe uma luz no fim do túnel e a fusão entre UX e Agile é possível e extremamente benéfica na entrega de valor real para o usuário.
Muito é investido dentro da área de Pesquisa e Desenvolvimento. E com isso abordagens e técnicas de inovação como o Design Thinking vem sendo direcionadores fundamentais do processo. Saiu recentemente uma pesquisa de R&D e liderança com inovação da Gartner, mostrando que é cada vez mais importante que os Líderes construam uma cultura de inovação, com mais de 54% de Executivos Seniors de R&D afirmando esta importância.
E ainda neste estudo da Gartner são apontados 6 passos importantes para nutrir esta cultura de forma sustentável:
Vamos analisar toda cadeia de valor de uma empresa que busca entregar de forma ágil os seus produtos e soluções:
Olhando a imagem percebemos que os times ágeis estão no centro do processo. Ou seja, quem vai entregar no final das contas é o time! É ele quem está recebendo os insumos e efetivamente entregando os resultados. E medir a maturidade ágil da corporação para entender como otimizar o processo é fundamental.
Um dos maiores erros é a morte do trabalho de UX no projeto após as etapas iniciais, onde ele é mais requisitado para criação de protótipos por exemplo. Segundo Don Norman, o processo de desenvolvimento centrado no usuário é um ciclo que se repete infindávelmente com o intuito de alcançar um estado de melhora contínua, em seu livro ele cita “Faça observações de seu público alvo, gere ideias, produza protótipos e teste eles. Repita até que fique satisfeito”. (Design of Everyday Things).
Além disso o UX ajuda a definir como os produtos e serviços são desenvolvidos. Eles traduzem as necessidades do usuário em necessidades de negócios e as comunicam de forma convincente aos Steakeholders. E o que vem dando certo em times ágeis é a implementação da abordagem do Design Thinking e Design Sprint.
Mas nem tudo são flores, os principais problemas que podem surgir estão relacionados às sprints e gargalos nas validações, que podem acarretar em atrasos ou entregas inúteis. Outros problemas claros são:
Recentemente a Nielsen Norman Group lançou um estudo, fruto de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos , Inglaterra, Austrália e Singapura, onde foi analisado uma série de cases, entrevistas e surveys respondidos por mais de 356 profissionais de User Experience. E nesta pesquisa foi constatado que de 2008 para 2016 houve um crescimento de 40% para 69% na adoção de metodologias ágeis por estes profissionais de ux em comparação aos métodos tradicionais de trabalho, sabendo que grande parte usa um modelo híbrido por questões de adaptação organizacional.
Olhando os resultados da pesquisa é notável que os benefícios da agilidade influenciam os profissionais de UX a se integrarem cada vez mais dentro do modelo. Entre os benefícios podemos listar:
Por isso a importância de combinar Enterprise Business Agility com abordagens como o Design Thinking, pensando em uma entrega de valor escalável para alcançar um UX Agile efetivo.
O kickoff para aproveitar ao máximo o UX Agile no discovery e delivery do produto é estabelecer um comitê ou time estratégico. Que nada mais é do que um time que contemple todos envolvidos e comprometidos no processo de melhoria contínua, levando em conta toda empresa e todos departamentos, desde a àrea de negócios até o chão de fábrica. E assim começa o processo de discovery e delivery do produto seguindo os steps abaixo:
O OKR (Objectives and Key Results), propagado pelo sucesso de Andy Grove quando presidia a Intel é um modelo muito utilizado no vale do silício e a visibilidade da estratégia é o grande trunfo para orientar o comitê estrategicamente.
Seguindo esses passos fica mais fácil os times de UX ajudarem no processo de inovação e entrega de valor do produto. Visto que elevando a inovação à uma escala de times, poderemos evitar os desperdícios tão comuns entre times e departamentos muitas vezes desnecessários. Profissionais de UX podem então ajudar toda cadeia de valor com suas skills incluindo propagação de técnicas, melhores práticas e ferramentas de UX que podem ser extremamente úteis para os demais times.
E assim o ciclo de melhoria contínua do produto não para, e o Discovery e Delivery pode aproveitar o melhor da inovação centrada no usuário com times ágeis.
Gabriel Freitas
Facilitador de Design Thinking Liga Ágil
UX Designer Sênior Ventron
Fontes:
https://www.nngroup.com/articles/state-ux-agile-development/
https://www.nngroup.com/reports/agile-development-user-experience/
https://www.scrum.org/resources/nexus-guide
https://www.designcouncil.org.uk/what-we-do/research/leading-business-design
https://blog.weekdone.com/how-google-sets-goals-with-okrs-objectives-and-key-results/
https://www.gartner.com/en/innovation-strategy/trends/culture-of-innovation